Após comandar seu primeiro treinamento no São Paulo, Ricardo Gomes foi oficialmente apresentado como técnico do Tricolor. Em uma sala de imprensa muito concorrida, com 22 câmeras e mais de 80 profissionais, o novo treinador falou por quase 50 minutos com os jornalistas. Confira. “Primeiro, gostaria de agradecer o convite do presidente e do apoio de todos. Vou fazer de tudo pra corresponder. Decidi ficar no Brasil, pois a minha família estava aqui e um convite de um clubes desse porte não se recusa”. – Apoio de parte da torcida ao Muricy “É um treinador que fez história no clube e ainda bem que a torcida o reconhece por tudo o que ele fez durante esse prazo. Ele fez por merecer. São raros os treinadores que conseguem esse apoio. Isso entrou pra história. Os dirigentes acharam que era o momento de mudar, eu sei que é uma tarefa difícil começar tudo depois de três anos e meio, mas o São Paulo é um grande clube. Se fosse um outro clube seria impossível que ele tivesse essa grande história”. – Pensa em trocar ideias com o Muricy? “Vou tentar o mais rápido possível conversar com ele sim. Algumas vezes falei de contratações com ele e o Milton. Claro que depende da disposição dele, então tudo isso vamos dar tempo ao tempo, mas tenho intenção de falar com o Muricy” – Pretende trazer jogadores para esse grupo? “Vou tentar, mas pra isso preciso do dia a dia. Vi muito o time de 2008, mas pouco o de 2009. Vi alguns jogos desse ano em DVD, mas é algo completamente diferente, nada substitui o dia a dia. Daqui a dez, 15 dias, terei condições de falar se precisamos de algo” – Se preocupa com a possibilidade de não se autofirmar como técnico? “Não penso se vou me firmar ou não, não é por aí. Realmente penso só em melhorar a classificação do clube, tentar colocar já no fim do primeiro turno o clube em condições de chegar nos primeiros lugares. Mas, se não der certo, se não fizer um bom trabalho, não é isso que me preocupa. A minha preocupação hoje é recuperar o São Paulo em termos de classificação” – Dificuldades ao retornar do exterior para o Brasil “Eu conheço os elencos dos times grandes do Brasil bem, porque passei muito tempo tentando reforçar o Mônaco. As dificuldades podem ser não conhecer muito bem os adversários de menos expressão. O time do São Paulo de 2008 eu vi 20 vezes, sem nenhuma intenção, porque queria contratar alguns jogadores. Mas a dificuldade é conhecer os adversários que têm menor visibilidade” – Disputa por posição “Evidente que o jogador quer jogar, não quer ficar no banco. Se ele está satisfeito em ficar no banco, pior ainda. Pode ficar com a cara amarrada, mas trabalhando bem. Aqui, o jogador tem que ganhar a posição no campo, não é dando entrevista. Não tenho medo de cara feia, mas tem que dar o máximo pra estar no time. Cabe a mim esse julgamento e será com muita honestidade”. – Esquema de jogo “Acho que essa escolha feita pelo Muricy não estava errada porque o ponto forte do elenco eram os zagueiros. O treinador chega pra trabalhar e analisa qual é o ponto forte e vai armar a equipe – Como será trabalhar com membros da comissão que já estavam aqui? “Nunca trabalhei com o Milton, mas já falei umas mil vezes por telefone, sem exagero. Cada contratação de Brasileiro na França era uma ligação. O Carlinhos já trabalhou comigo na seleção pré-olímpica, e com certeza as coisas se encaixarão” – Por que acha que poderá melhorar a situação do São Paulo? “O São Paulo é tricampeão brasileiro, tem uma estrutura completamente diferente de tudo e não é de hoje. Eu conheci grandes treinadores e jogadores daqui desde a minha época de atleta. Cilinho, Telê e Muricy fizeram história, isso é muita coisa – Passar confiança aos jogadores “Pelos dois ou três jogos que pude acompanhar, a equipe entra jogando bem, como time grande, domina a posse de bola, só que você tem que traduzir isso em perigo ao gol adversário. Isso é o que não vem acontecendo. De longe, acompanhando, acho que confiança não pode faltar. Se perdeu, no próximo jogo tem que entrar com confiança, não pode perder isso” “Faz parte da história do São Paulo revelar grandes jogadores e já sofri um pouco com isso quando enfrentava o time deles como atleta. Já notei hoje bons jogadores, que vão nos ajudar. Gosto de trabalhar dessa forma, trabalhei assim na seleção, fui obrigado a trabalhar assim no Mônaco, com uma zaga de 19 anos. Se for utilizar, se a solução é garotada, aí será necessário um tempo muito maior para o nosso trabalho” – Elogios de Kaká e Raí “Agradeço, claro. O Kaká foi meu capitão na seleção e o Raí o PSG. Estamos falando de dois grandes jogadores e eu agradeço imensamente o apoio dos dois. Conheci o Raí em Londres, em 1987, em uma seleção olímpica. É um amigo de longa data. Pena que não posso ter o Raí e o Kaká juntos pro treino da tarde (risos). O Kaká dispensa comentários. O convoquei pra um torneio no Qatar, era um preparatório em janeiro de 2003, com certeza é um jogador diferenciado, inteligente dentro e fora de campo. O São Paulo tem muita sorte de ter perdido o Raí e ganhado o Kaká” – Relação com a imprensa “A palavra pra gente é o respeito. Não tem problema nenhum ter crítica, mas tem que ter respeito. Vou ficar à disposição de vocês pra qualquer coisa se nossa relação for de respeito” – Rogério Ceni “Conversei com ele, é um líder, vai continuar exercendo essa liderança, infelizmente, fora de campo. Estou contando os dias pra volta dele, esperamos que ele volte rapidamente porque ele faz a diferença. A vivência dele aqui no São Paulo não tem preço” – Hernanes “Ele é um excelente jogador, e má fase acontece com todo mundo. Quando convoquei o Kaká, ele estava sendo questionado no São Paulo e hoje é o que é. Vamos fazer de tudo pra recuperá-lo. Acredito que é um período difícil e que ele vai se recuperar” – Treinamento do dia “Os dois exercícios que foram executados hoje foram com intuito ofensivo. Já comecei a exercitar pra tentar traduzir esse domínio da equipe do São Paulo na área adversária. Tinha que explicar pros zagueiros porque estavam sofrendo com a intensidade” Fotos: VIPCOMM
– Chegada ao São Paulo
– Pretende usar jogadores da base?