Após as agruras de sua fundação, em 16 de dezembro de 1935, e de
seus primeiros passos no futebol entre os gigantes estabelecidos de
então, o Clube da Fé foi se estruturando. Deixando de se concentrar
nos fundos da Igreja do fervoroso Monsenhor Francisco Bastos e de
migrar de campo em campo para sediar seus jogos. Em 1938 – após
absorver o Estudantes Paulista, uma espécie de clube-irmão – o time
passa a atuar no Estádio da Cia Antárctica Paulista, na Rua da
Moóca.
Recinto pequeno, mas que serviu de abrigo até a inauguração, em
1940, do Estádio Municipal de São Paulo (que em 1961 seria batizado
com o nome de um bastião da sãopaulinidade: Paulo Machado de
Carvalho). Nesta ocasião, em um exemplo de orgulho da torcedor
paulista para com o Tricolor, sua delegação foi plenamente
ovacionada pela platéia que lotava o novo estádio, gritando:
São Paulo! São Paulo! São Paulo!
Era uma forma do cidadão paulista extravasar frente ao
Presidente da República, que lá estava para os festejos, pela
extinção dos simbolos estaduais (como a própria bandeira) e por
atos que remetiam a 1932… Adotado pelo povo, órfão de
representação, o São Paulo Futebol Clube ganhou o apelido de “O
Clube Mais Querido” da cidade. Não bastasse a cidade, e
conseqüentemente o estado, logo o São Paulo FC ganharia também o
Brasil.
Foi nesse contexto entusiasmado que o público paulistano viu
reinar aquele forte e robusto goleiro, chamado
King. Irmão do famoso atacante corinthiano Teleco,
se destacava mesmo por fazer defesas firmes com somente uma mão.
Teixeirinha, intrépido e jovem ponta-esquerda, que
dava ainda seus primeiros dribles, de muitos, pois fora até
recordista em número de jogos no São Paulo, sendo atualmente o
quarto que mais entrou em campo com a camisa tricolor.
Com visões sempre grandiosas, O Mais Querido foi galgando seu
lugar entre os melhores aos poucos, contudo. Primeiro precisou se
fortalecer. Veio então o Canindé – adquirido pelo equivalente a 740
contos de réis junto a um casal de italianos (que o alugava a um
clube de alemães, o Deutsch Sportive – o qual pouco tempo depois
também adentrou a familia tricolor, fazendo parte da aurora e
consagração do esporte amador).
Com seu “Centro de Treinamento” a disposição, a diretoria
arriscou. Era hora de elevar o nome ao Brasil, contratando então
seu maior ídolo ainda em atividade, aquele tão admirado pelos
franceses na Copa do Mundo de 1938 e que se eternizara até mesmo em
uma marca de chocolate: Leônidas da Silva, o
Diamante Negro… 200 contos de réis – a maior transação do futebol
sulamericano até então – pelo “bonde” foram até baratos. O Clube
não parou e formou um verdadeiro esquadrão, na verdade, um Rolo
Compressor que faturou tudo naquela década de 40.
Ruy e Bauer compunham com
Noronha a mais famosa linha média (laterais e volante) que já
existiu no Brasil. Bauer conquistara os cariocas mesmo depois do
desastre canarinho na Copa do Mundo de 50, sendo clamando “Monstro
do Maracanã”. No ataque – à época composto por cinco homens, também
Luizinho, regresso do Palestra. Era o mesmo
Luizinho que vestira o manto do São Paulo da Floresta de 1930 à
1935 e que em 1941 comprara, com dinheiro do próprio bolso, seu
passe, oferecendo ao único clube que de fato amava.
Para completar aquele elenco clássico, um mestre, El Maestro, o
argentino Antônio Sastre. Chegara aqui com 32 anos
e com a imprensa local a satirizar, batizando-o DeSastre… Nunca
mais se ouviu esta brincadeira após todas as suas conquistas e os
seus seis gols marcados em um único jogo. Recorde imbatível no São
Paulo até hoje.
Ídolos em destaque
King
Nivacir Inocêncio Fernandes
Goleiro
1936-1937 / 1938-1947
Campeão Paulista de 1943, 1945 e 1946.
Luizinho
Luiz Mesquita de Oliveira
Atacante
1941-1947
Campeão Paulista de 1943, 1945 e 1946.
Ruy
Ruy Campos
Lateral e Médio
1944-1953
Campeão Paulista de 1945, 1946, 1948 e 1949.
Leônidas
Leônidas da Silva
Atacante
1942-1950
Campeão Paulista de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949.
Bauer
José Carlos Bauer
Volante
1944-1957
Campeão Paulista de 1945, 1946, 1948, 1949 e 1953.
Teixeirinha
Elísio dos Santos Teixeira
Atacante
1939-1956
Campeão Paulista de 1943, 1945, 1946, 1948, 1949 e 1953.
Sastre
Antonio Sastre
Médio-Atacante
1943-1946
Campeão Paulista de 1943, 1945 e 1946.