Calendário 15/12/2008 - 00:00

No São Paulo, parece haver uma disputa interna muito saudável que quase nenhuma empresa do mundo vê igual. Os funcionários discutem entre si pra saber quem está no clube há mais tempo, sinal da ótima estrutura dada pelo Tricolor aos seus contratados.


E o vencedor dessa briga é João dos Santos Silva, de 49 anos, um dos copeiros do CT, que está no clube desde 01 de agosto de 1979, ou seja, tem 29 temporadas de convivência diária com a equipe.


Quando ainda nem pensava em ser um dos membros do São Paulo, João trabalhava com terraplanagem e foi operador de máquina em Ubiratan. Mudou-se para a capital paulista após seu irmão, que trabalhava no clube, convidá-lo pra fazer parte dos funcionários do Tricolor.


“Eu comecei minha carreira aqui como vigilante, trabalhava no estádio do Morumbi. Anos mais tarde, em 1985, passei a trabalhar na copa lá do estádio e da concentração de lá”, diz.


Quatro anos depois o então encarregado da copa no Cícero Pompeu de Toledo assumiu o mesmo no posto Centro de Treinamentos. E como a administração não ficava localizada na Barra Funda, e sim no Morumbi, João passou a ser o chefão do local.


 “A concentração era aqui, mas a administração era lá, então eu mandava aqui, era como um gerente do CT”, lembra em meio a gargalhadas. “Além disso, eu ficava na correria, pois era o  responsável por compras e tudo mais. Eu organizava o número dos quartos dos jogadores, eu que colocava os atletas juntos do jeito que quisesse. Naquela época eu tinha moral!”, completa.


Hoje, João trabalha como encarregado da copa. Ele arruma as mesas, serve as refeições (principalmente durante as manhãs), e deixa tudo pronto para o almoço. Sua função tem que ser conciliada com a da nutricionista, Cristina Soares, que organiza o cardápio que será servido aos jogadores.


“A comida é muito balanceada. O que a nutricionista falar eu faço”, conta.


Como o copeiro é o responsável pelo acesso dos atletas até a cozinha, é para ele que os jogadores correm quando querem “contrabandear” alguma guloseima proibida. João jura que segue à risca as ordens da nutricionista e que quando diz “não” os profissionais respeitam e volta para os quartos sem a comida.


“Eles pedem doces, o que não é proibido, mas eles têm consciência de que se estiverem fora de peso a culpa é deles. Tudo vai pra mesa sem açúcar pra eles adoçarem. Leite desnatado também. Mas quando eu falo o que está proibido e não tem discussão”, gargalha.


O trabalho do funcionário mais antigo do CT da Barra Funda é mais do que reconhecido por todos os que convivem com ele, desde os mais simples até os mais importantes, como os presidentes. O profissional já ganhou até faixa de campeão da Libertadores das mãos do líder máximo do São Paulo.


“Sinto-me campeão porque trabalho aqui muitos anos, tenho até faixa de campeão em casa. O presidente me deu a faixa da Libertadores, da época do Telê. Eu não esperava que o presidente fosse fazer isso. Por isso, guardo com muito carinho. Hoje, quando o Rogério levanta a taça, me sinto parte daquilo, quase levanto junto”, conta o copeiro, que deve encerrar sua carreira em cinco anos no clube que o abrigou por mais de três décadas.

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