Observamos com surpresa a postura do Clube de Regatas do Flamengo de, por um
lado, requerer segredo de justiça em uma ação judicial e, por outro, divulgar à imprensa
informações selecionadas e distorcidas, induzindo até mesmo parte da imprensa
especializada a erro e disseminando desinformação.
Diante dessa postura, a LiBRA, em seu compromisso com a transparência, com o
diálogo e com o fortalecimento do futebol brasileiro, apresenta alguns esclarecimentos
fundamentais entre o que é verdadeiro e o que é falso dentro das declarações feitas
pelo clube.
- É falso afirmar que o Flamengo deseja o diálogo. Quem interrompeu o diálogo foi
o Flamengo, com medida liminar sem urgência, obstruindo o fluxo de caixa dos demais
clubes da Libra, com o objetivo de pressioná-los economicamente, e sem que estes
sequer tenham sido ouvidos no processo. Ato que contradiz o espírito associativo e é o
exato oposto do diálogo. A LiBRA representa a vontade coletiva de seus membros em
construir uma futura liga robusta e sustentável para o futebol brasileiro na busca por
soluções que beneficiem a todos e não só ao Flamengo.
- É falso que o Estatuto da LiBRA seja omisso sobre os critérios de distribuição
de receitas de audiência. A regra de distribuição da receita negociada coletivamente
pela LiBRA está descrita no Estatuto. Foi aprovada em Assembleia Geral. Por
unanimidade. Inclusive pelo próprio Flamengo. E sem ressalvas. Portanto, também é
falso que o Clube não tenha concordado com a forma de determinação de audiência
descrita no Estatuto da LiBRA.
- Cadastro não é audiência, e é falso que o Flamengo queira respeitar a decisão
dos demais clubes. Insatisfeito com o critério de audiência previsto no Estatuto da
LiBRA, o Flamengo propôs que a métrica fosse alterada pelo número de cadastro de
torcedores. Cadastro não é audiência, e não se enquadra e nem é mencionado no
critério previsto no Estatuto. A proposta de alteração do cálculo de audiência para
cadastro que o Flamengo defende pública e judicialmente foi levada à votação em
Assembleia Geral da LiBRA e foi rejeitada pelos demais oito clubes da Série A
integrantes da LiBRA. Considerando que foi apenas o próprio Flamengo quem votou
favoravelmente e buscou via judicial para reverter a decisão colegiada, é falso que o
clube não busca uma “virada de mesa” por meio da justiça.
- É falso afirmar que o Estatuto da LiBRA assegura um “valor mínimo garantido”
em benefício do Flamengo. Qualquer mínimo garantido só seria aplicável em benefício
de todos os Clubes caso a Libra viesse a se tornar a realizadora do Campeonato.
Supomos que o Flamengo saiba que o Campeonato Brasileiro Série A seja organizado
pela CBF e que, portanto, tal “garantia” não se aplica no atual contexto.
- É falso que o Flamengo tenha votado contra a mudança das regras. Ocorreu
exatamente o contrário. O Flamengo foi o único Clube que propôs a alteração do
Estatuto para substituir o critério de audiência para o critério de cadastro. Uma proposta
que foi avaliada e rejeitada por todos os demais Clubes de Série A votantes.
- É falsa a alegação do Flamengo de que precisaria fazer uso de uma liminar para
evitar prejuízos. O contrato atual tem vigência de cinco anos e comporta mais de R$ 6
bilhões em benefício de todos os seus Clubes. Montante suficiente e tempo hábil para
que qualquer eventual recomposição pudesse vir a ser realizada em caso de uma
votação unânime por alteração em qualquer uma das regras de distribuição de receita.
É impossível que o Flamengo sofresse um prejuízo.
Vale lembrar que, se o Flamengo realmente tem interesse em dialogar por um acordo,
ou tem a convicção de que está certo, o próprio Clube não faria uso de um expediente
liminar desnecessário, e discutiria se está certo no mérito em Mediação ou Arbitragem.
Por que estamos tendo que esclarecer todas essas dúvidas por meio de comunicados
à imprensa e não em ambiente técnico e dentro da própria Libra? Por que o Flamengo
preferiu esse caminho ao invés de manter a discussão internamente?
O Flamengo demonstra que há outros objetivos em seus movimentos.
Questionar os fatos e distorcê-los para conseguir apoio midiático com base na
desinformação é querer viver uma realidade paralela, de imposição econômica, sem
qualquer fundamento coletivo. Uma visão antiquada e solitária.
Blocos de comercialização coletiva, como a Libra e como a LFU, ou uma Liga, quando
formada, representarão tudo aquilo que o Flamengo aparenta contrapor nesse
momento: a coletividade na negociação de direitos, ampliação de valor e receita,
desenvolvimento de qualidade de produto e internacionalização.
Juntos os clubes não valem mais, valem muito mais.
Separados os clubes não apenas valem menos, eles destroem também o valor em toda
a cadeia de negócios que cerca e faz parte do futebol.
Em vez de trabalharmos pelo futuro do futebol brasileiro, estamos aqui presos a uma
discussão antiga e repetitiva sobre quem ganha mais – e sobre quem quer ganhar ainda
mais –, enquanto os assuntos importantes restam à margem do debate.
A LiBRA tem um respeito absoluto pela instituição Flamengo, pela sua história
emblemática, por suas muitas conquistas e, principalmente, por sua torcida – essa, que
merece o futebol brasileiro que Flamengo se nega a construir. No entanto tem também
o mesmo respeito por todos os seus demais membros, todos os clubes do futebol do
Brasil e todos os seus milhões de torcedores apaixonados.
O futebol brasileiro não tem um dono.
Tem milhões.
Tem 212 milhões de donos.
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