São Paulo F.C



A Copa do Mundo de Leônidas da Silva

Em 1938, o Diamante Negro foi o artilheiro do Mundial

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Por A história ilustrada do futebol brasileiro - volume III - Um dos gols de Leônidas da Silva na Copa de 1938

O Tricolor não contou com jogadores na Copa do Mundo de 1938. Recém refundado, em 1935, o São Paulo ainda engatinhava, buscando novamente se estabelecer como um grande clube do futebol brasileiro.

Contudo, Argemiro, Hércules e Luizinho eram os ex são-paulinos na disputa. Todos eles tricolores até o aliciamento de 1934 ou o fechamento temporário do clube, em 1935.

O que certamente vale apresentar, entretanto, é a história de Leônidas da Silva nessa Copa do Mundo. O Diamante Negro, quatro anos depois dessa atuação sem precedentes, foi contratado pelo Tricolor e transformou o São Paulo Futebol Clube.

 

O JOGADOR

Maior jogador do Brasil até o surgimento de Pelé, Leônidas da Silva era um atleta veloz, extremamente técnico e que possuía ótima impulsão e elasticidade, característica que lhe rendeu o seu segundo apelido mais famoso: Homem Borracha - criado pelo jornalista francês Raymond Thourmagem, da revista Paris Match justamente durante a Copa do Mundo de 1938.

Tradicionalmente é considerado pelos cronistas nacionais como o inventor da bicicleta - fato controverso, pois teria realizado o movimento pela primeira vez em 1932. Se não inventou, certamente imortalizou e consagrou a jogada. Leônidas da Silva jogou futebol de 1930 a 1950, passando por São Cristóvão, Sírio Libanês, Sul América, Bonsucesso, todos do Rio de Janeiro, Peñarol (Uruguai), Vasco da Gama, SC Brasil, também carioca, Botafogo, Flamengo e, por fim, São Paulo.

Defendeu a Seleção Brasileira com extremo sucesso entre 1932 e 1946, pela qual disputou duas Copas do Mundo, sendo inclusive artilheiro de uma delas. Poderia ter disputado outras duas Copas, enquanto defendia a camisa tricolor, mas a 2ª Guerra Mundial impediu a realização das edições de 1942 e 1946.

Foi contratado pelo São Paulo junto ao Flamengo, em 1942, na transação mais cara da história do futebol sul-americano até então, no valor de 200 contos de réis (em valores convertidos e corrigidos, aproximadamente 195 mil reais).

Por causa de sua idade e tempo sem jogar, os rivais contavam piadas dizendo que o Tricolor tinha comprado um bonde por 200 contos. A história, hoje, ri. Pelo São Paulo, Leônidas foi pentacampeão paulista (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949), marcando 144 gols em 212 jogos.

 

A CAMPANHA

A Copa do Mundo de 1938, realizada na França, seguiu os moldes da anterior e adotou o sistema eliminatório simples, desde a primeira fase. Nessa, o Brasil enfrentou a Polônia, em Strasbourg, no dia 5 de junho. Um grande jogo que terminou empatado no tempo normal em 4 a 4, com vitória brasileira na prorrogação por 6 a 5.

Leônidas marcou três gols na primeira partida. O tento inicial e os mais importantes, os dois gols no decorrer da prorrogação. Tinha estrela, tanta, que um dos gols é atribuído que tenha feito descalço, após perder a chuteira em um lance.

Até a FIFA adotar cobranças de pênaltis após o fim da prorrogação do tempo regulamentar como critério imediato de desempate de partidas, em meados dos anos 70, o que acontecia em situações assim era repetir a disputa do jogo. E foi o que aconteceu nas quartas de final da Copa do Mundo de 1938.

A Seleção Brasileira enfrentou a Tchecoslováquia no dia 12 de junho, em Bordeaux, e empatou em 1 a 1, com gol dele, Leônidas da Silva. Sem alteração no score durante a prorrogação, o jeito foi enfrentar novamente a seleção eslava no dia 14. Desta vez, vitória brasileira por 2 a 1, novamente com um gol do Diamante Negro, o primeiro do time no jogo. Leônidas, terminada a partida, teve de deixar o campo carregado, extenuado.

Sem condições de jogar, na única partida em todo o Mundial em que o craque não esteve em campo, o Brasil perdeu. Na semifinal, jogada em Marseille, no dia 16 de junho, a seleção brasileira perdeu para a italiana por 2 a 1. Era o fim do sonho do título, mas não da Copa do Mundo. Leônidas, recuperado, ainda marcou 2 gols na decisão de terceiro e quarto lugares, contra a Suécia (4 a 2), em Bordeaux, no dia 18.

Leônidas da Silva, o maior jogador brasileiro antes de Pelé, não pôde ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira, mas regressou ao país com a medalha de bronze no peito e o título de artilheiro da maior competição de futebol do mundo, com 7 gols.

 

A DELEGAÇÃO

  • Chefe: Dr. José Maria Castello Branco;
  • Técnico: Adhemar Pimenta;
  • Tesoureiro: Irineu Rodrigues Chaves;
  • Secretário: Dr. Célio Negreiros de Barros;
  • Jornalistas: Afrânio Vieira e Everardo Lopes;
  • Locutor: Leonardo Gagliano Netto;
  • Médicos: Dr. José Maria Castello Branco e Dr. Álvaro Lopes Cansado;
  • Massagista: Carlos Volante (contratado na França).

 

OS INSCRITOS

  • Goleiros: Batatais (Fluminense) e Walter (Flamengo);
  • Defensores: Domingos da Guia (Flamengo), Jahu (Vasco da Gama), Machado (Fluminense) e Nariz (Botafogo);
  • Meio-campistas: Affonsinho (São Cristóvão), Argemiro (Portuguesa Santista), Brandão (Corinthians), Britto (América-RJ), Martim Silveira (Botafogo) e Zezé Procópio (Botafogo);
  • Atacantes: Hércules (Fluminense), Leônidas (Flamengo), Luizinho (Palestra Itália), Niginho (Lazio), Patesko (Botafogo), Perácio (Botafogo), Roberto (São Cristóvão), Romeu (Fluminense) e Tim (Fluminense).

 

FICARAM DE FORA

  • Cortados na pré-convocação: Álvaro (Botafogo), Waldemar de Brito (Flamengo)
  • Pré-convocados: Thadeu (América-RJ), Del Nero (Palestra Itália), Fausto (Flamengo), Caxambu (São Cristóvão), Plácido (América-RJ), Juvenal (América-MG), Geninho (Villa Nova-MG), Lopes (Corinthians), Jurandyr (Palestra Itália), Carnera (Palestra Itália), Junqueira (Palestra Itália) e Carvalho Leite (Botafogo).